Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante 1º de Maio Unificado das Centrais Sindicais, Dia Internacional dos Trabalha01.05 e Trabalhadoras. Vale do Anhangabaú - SP. Foto: Ricardo Stuckert/PR
As centrais sindicais realizam nesta segunda-feira (1º) ato unificado do Dia do Trabalho no Vale do Anhangabaú, centro da capital paulista. A festa reúne oito centrais sindicais
Participam da organização do evento a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, a União Geral de Trabalhadores (UGT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a Intersindical Central da Classe Trabalhadora e a Pública.
Reivindicações
As centrais sindicais trazem várias reivindicações como pauta prioritária neste ano. Uma delas é a valorização do salário mínimo, com o objetivo de melhorar o poder de compra dos trabalhadores. Outra reivindicação importante é o fim dos juros extorsivos, em crítica à alta da taxa básica de juros. Os sindicatos também pedem a igualdade salarial entre homens e mulheres, além da revogação de partes da reforma trabalhista, que formalizou a terceirização e precarizou as relações de trabalho. Por fim, as centrais sindicais defendem as empresas públicas e se opõem às privatizações.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante 1º de Maio Unificado das Centrais Sindicais, Dia Internacional dos Trabalha01.05 e Trabalhadoras. Vale do Anhangabaú - SP. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula faz pronunciamento na TV pelo Dia do Trabalhador
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV no Dia do Trabalhador, no dia 1º de maio de 2023. Durante o discurso de 3 minutos e 53 segundos, o presidente anunciou a assinatura de uma medida provisória para elevar o salário mínimo de R$ 1.302 para R$ 1.320, um aumento de 1,38%, a partir de 1º de maio. Também anunciou a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda de R$ 1.903 para R$ 2.640 e a intenção de elevar gradualmente, até 2026, a isenção do imposto para quem ganha até R$ 5 mil.
O presidente também mencionou que enviará um projeto de lei ao Congresso que definirá uma nova política de valorização do salário mínimo com base no cálculo da inflação do ano anterior e do PIB consolidado de 2 anos antes. O governo espera aprovar a proposta ainda neste ano para que as novas regras já comecem a valer a partir de 2024. O custo para o reajuste do salário mínimo será de R$ 40,8 bilhões em 2023 e a mudança na tabela do Imposto de Renda terá um custo de R$ 3,2 bilhões neste ano e de R$ 6 bilhões em 2024.
SP: Sindicalistas da Força seguem em caminhada até ato do 1º de Maio Unificado - Foto: Jaélcio Santana
Distrito Federal
No DF, as centrais sindicais e movimentos sociais fazem duas celebrações do Dia do Trabalhador.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF) e o Partido dos Trabalhadores (PT) convocaram um ato político-cultural na praça da Feira Central de Ceilândia, região administrativa mais populosa do DF.
"A escolha de Ceilândia como local para celebração da data não foi por acaso. Além de concentrar milhares de trabalhadoras e trabalhadores ─ o que aproxima ainda mais a CUT e sindicatos filiados da base ─ a cidade desempenhou papel fundamental na construção de Brasília e, ao longo dos anos, se consolidou como um dos principais polos dos movimentos sociais, da cultura, das artes e da resistência do DF", explicou a entidade.
As demais centrais, como a dos Trabalhadores do Brasil, a Força Sindical, a CSP Conlutas e a CSB, em parceria com partidos de esquerda e movimentos sociais, fazem o 1º de Maio unificado na altura da quadra 108, no Eixão Norte, região central da capital. A pauta inclui a reivindicação pelo fim da atual política de juros do Banco Central, a redefinição do papel da Petrobras e mais investimentos em infraestrutura econômica e social.
Brasília (DF) 01/05/2023 Centrais sindicais e movimentos sociais celebram o dia dos trabalhadores em Brasília. Foto José Cruz/ Agência Brasil
O dia 1º de Maio é considerado a data magna da luta dos trabalhadores em todo o mundo. Trata-se de homenagem aos mártires de Chicago, operários condenados à morte por realizarem uma greve por redução da jornada de trabalho, em 1886.
No Brasil, segundo a CTB, a primeira comemoração do 1º de Maio foi em 1892, em Porto Alegre, um ano depois da decisão da Segunda Internacional Socialista de sacramentar a data como o Dia Internacional dos Trabalhadores.
O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, destacou que o primeiro quadrimestre deste ano trouxe conquistas para os trabalhadores, como o aumento do salário mínimo e a elevação da faixa de isenção de Imposto de Renda, de R$ 1.903 para R$ 2.640 mensais. No entanto, ele enfatizou que o 1º de maio é um dia de luta, ressaltando a necessidade de regularização do trabalho por aplicativo, inclusão de trabalhadores no sistema previdenciário e valorização do serviço público.
O ato contou com a presença de aposentados que destacaram a importância da organização da classe trabalhadora para recuperar seus direitos perdidos. O Movimento Brasil Popular (MBP) se juntou a outras organizações de trabalhadores para pedir a reconstrução nacional e união da sociedade contra diversas violências e em defesa dos direitos dos trabalhadores, incluindo os previdenciários. Nonato Nascimento, militante do MBP, defendeu a aliança de trabalhadores do campo e das cidades e a luta pela reforma agrária popular, demarcação dos territórios indígenas e quilombolas.
Mulheres mobilizadas
No ato realizado em comemoração ao 1º de maio, não foram apenas os trabalhadores da ativa e aposentados que marcaram presença, mas também movimentos feministas que reivindicaram seus direitos. A militante Lêda Freitas pediu a união dos trabalhadores para lutar contra a exploração e precarização da mão de obra, em uma era de capitalismo neoliberal e rentista.
Já no stand da Marcha das Margaridas, mulheres vestidas de lilás defenderam as trabalhadoras do campo e da floresta, destacando as violações de direitos sofridas por elas, como retrocessos na aposentadoria e na assistência, uso de agrotóxicos que causam doenças e mortes, e sucateamento da agricultura familiar. A 7ª Marcha das Margaridas será realizada em agosto na Esplanada dos Ministérios, com a previsão de reunir milhares de mulheres rurais de todo o país.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante 1º de Maio Unificado das Centrais Sindicais, Dia Internacional dos Trabalha01.05 e Trabalhadoras. Vale do Anhangabaú - SP. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Intersindical protesta contra o sistema sindical
O Dia 1º de Maio é um dia importante para a classe trabalhadora, que deve marcar a luta internacional pelos direitos dos trabalhadores e celebrar as conquistas de gerações passadas que garantiram a redução da jornada, melhores condições de trabalho e direitos trabalhistas. Infelizmente, muitas centrais sindicais no Brasil têm transformado essa data em um dia de festa e sorteios, esquecendo sua importância histórica.
Além disso, muitas dessas centrais sindicais convidam pessoas que agiram contra os direitos dos trabalhadores no Congresso Nacional, como Artur Lira e Rodrigo Pacheco, para participar do ato do 1º de Maio. Essas centrais sindicais demonstram mais uma vez que seu compromisso não é com os trabalhadores, mas sim com seus próprios interesses políticos.
A Intersindical- Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora não participará do ato organizado por essas centrais sindicais que se aliam a quem ataca os direitos dos trabalhadores. Em vez disso, estaremos presentes em atos classistas, sem governo e sem patrão, que ocorrerão no Dia 1º de Maio, lutando pela revogação das reformas trabalhista e previdenciária, por melhores condições de trabalho e por serviços públicos de qualidade para a população trabalhadora. Acreditamos que as organizações da classe trabalhadora devem ser independentes em relação aos patrões e a qualquer governo, e autônomas em relação aos partidos políticos. Veja na íntegra a publicação da Intersindical
Sintec-DF
O Sindicato dos Técnicos Industriais do Distrito Federal (Sintec-DF) mantém-se engajado na batalha por melhores condições de trabalho e no combate a qualquer tipo de desrespeito ao trabalhador. A entidade reforça seu compromisso com a defesa dos direitos e interesses da categoria que representa, buscando sempre promover avanços e conquistas para os trabalhadores técnicos industriais.
Dieese: Boletim Especial - 1º de Maio - Dia do Trabalhador
O boletim especial do DIEESE apresenta uma reflexão sobre o 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, destacando a importância da união dos trabalhadores e trabalhadoras na defesa da democracia e na luta por reivindicações necessárias ao desenvolvimento do país. O texto destaca as dificuldades enfrentadas pelo Brasil desde 2016, como o desmonte de políticas sociais, as reformas trabalhista e previdenciária, além do governo desastroso que coincidiu com a pandemia de coronavírus e uma crise sanitária de grandes proporções.
No entanto, o momento atual é de reconstrução, com a presença constante dos representantes dos trabalhadores e trabalhadoras nos espaços de negociação que estão sendo constituídos. O texto também destaca as reivindicações unificadas das Centrais, como o fortalecimento das negociações coletivas, a política de valorização do salário mínimo, a revogação dos marcos regressivos da legislação trabalhista, a igualdade de salários entre homens e mulheres, entre outras.
Apesar de os dados de 2022 ainda indicarem alta informalidade nos empregos, baixos salários e necessidade de crescimento, o momento é de fortalecer a negociação coletiva e a representação dos trabalhadores, com a revisão da reforma trabalhista, e de realizar ações que promovam o crescimento da renda do trabalho. "Fortalecera classe trabalhadora é fortalecera democracia."
Baixe o boletim clicando aqui (pdf)