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Empresas repassam custos para preços e movimento cai

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Empresários afirmam que não têm repassado todos os aumentos de tarifas, para não espantar a clientela

A forte pressão de custos exercida pelo choque das tarifas de energia elétrica, combustíveis e água, por exemplo, impõe o repasse para os preços dos prestadores de serviços que, por conta desses aumentos, já registram queda no movimento. Entre janeiro e maio deste ano, a tarifa de energia elétrica subiu 49,20%, a água aumentou 5,05% e a gasolina ficou 8,48% mais cara na cidade de São Paulo. Enquanto isso, o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe aumentou 5,36%.

"Aumentou tudo neste ano: água, sabão, embalagem, energia", diz João Carlos Faria Crociati, sócio da lavanderia Nova Paulistana, com três lojas em São Paulo e que presta serviços a terceiros. Ele conta que subiu menos de 10% os preços dos serviços de lavanderia para poder acomodar as pressões de custos. E o movimento recuou até abril.

Para atenuar a alta de custos das tarifas, o microempresário comprou, por exemplo, máquinas mais eficientes no uso da água. Além disso, decidiu desligar a luz na hora do almoço e reduziu em 10% o quadro de funcionários. Crociati também ampliou o prazo de pagamento nas despesas de clientes que usam cartão de crédito acima de R$ 400 na sua loja, de duas para três vezes. E as medidas para administrar o negócio dentro da nova realidade de custos já estão surtindo algum efeito. "De maio para cá, o movimento deu uma melhorada", conta.

Já o sócio-gerente do salão de cabeleireiros Soho, Ernesto Paulelli Neto, sentiu um retração de 15% no movimento desde julho do ano passado. "Estamos fazendo a maior economia possível", diz ele. A intenção é evitar que os aumentos de preços espantem mais ainda a clientela.

Por conta da alta das tarifas de água, luz e dos aumentos dos produtos químicos, pressionados pelo câmbio e pela alta do imposto, Neto conta que teve de majorar em 10% os preços este ano. "Mas o aumento não foi linear", ressalta. Ele explica que procurou concentrar os reajustes nos serviços que usam produtos químicos que tiveram aumento. Por outro lado, procurou manter os preços dos serviços que não envolvem cosméticos, como corte e escova, entre outros.

Cabelo. Apesar da tentativa de contornar os aumentos de preços, os consumidores estão reduzindo os gastos com serviços para equilibrar o orçamento corroído pela inflação. O consultor comercial João de Barros Neto, por exemplo, decidiu esperar mais tempo para cortar o cabelo. "Antes, era de dois em dois meses, agora é de quatro em quatro. Mudei o meu visual. O cabelo começa a enrolar, incomodar e eu deixo mais um pouco. Quando já incomodou demais, eu corto", conta ele, que desembolsa R$ 40 a cada ida ao barbeiro.

Ele também reduziu a frequência das saídas para comer fora e as faxinas domésticas. Há até pouco tempo, ele e a esposa saíam para comer pizza a cada 15 dias. "Hoje estamos dando um pouco mais de espaço, porque sentimos que sair não é mais um divertimento. Tem de pensar bem." Na última vez que foi ao cinema com a mulher e emendou um jantar, desembolsou entre R$ 250 e R$ 300. "É um gasto absurdo para uma noite de sábado. Prefiro comprar um DVD e assistir em casa." A faxineira, que vinha duas vezes na semana, agora só vem uma vez, e os cinco cachorros que iam ao pet shop a cada dois meses, agora tomam banho em casa.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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