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Consumo racional

quinta-feira, 21 de maio de 2015



O brasileiro está consumindo mais. Não apenas vestuário, alimento e cultura, mas também energia elétrica. O acréscimo é da ordem de 3% ao ano e está diretamente ligado a outro aumento importante: o do poder aquisitivo da população. Hoje, há mais eletrodomésticos nas residências; serviços funcionam até mais tarde; cresce o número de restaurantes e lojas nas grandes cidades. São conquistas que representam mais qualidade de vida para as famílias e, por isso mesmo, devem ser comemoradas.

Para dar conta desse aumento na demanda, o Brasil vem investindo em novas hidrelétricas e no aprimoramento de diferentes sistemas de captação e distribuição de energia solar e eólica. Nada disso, no entanto, substitui aquela que talvez seja a orientação mais importante para garantir uma gestão mais equilibrada dos nossos recursos: o consumo racional.

Talvez o maior de todos os vilões seja o aparelho de ar condicionado. Os picos de consumo no Brasil já não ocorrem à noite, como antigamente, mas entre 14h e 15h, motivados principalmente pelos condicionadores de ar. Esse cenário tende a piorar com as temperaturas em elevação. É sabido que 2014 foi o ano mais quente da História - e nada nos leva a crer que 2015 será mais ameno. Não é à toa que esses equipamentos já começam a faltar nas prateleiras das lojas. O Brasil é hoje o quinto mercado mundial de aparelhos de ar condicionado. De 2012 a 2013, houve um crescimento de 30% nas vendas de aparelhos do tipo split.

Saiba como diminuir o consumo do seu aparelho de ar condicionado

A má notícia é que nossa indústria adota um limite mínimo de eficiência energética muito inferior aos praticados na China, no Japão e na União Europeia. Levantamento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou que o ar-condicionado mais eficiente produzido no Brasil tem coeficiente de eficiência energética de 4,79 W/W (watts de calor gerado a cada watt de energia consumida). Na China, passa de 6 W/W. No Japão, 6,5 W/W ou mais. Ao mesmo tempo, os índices mínimos de eficiência nos condicionadores brasileiros giram em torno de 2,6 W/W, enquanto na maioria dos países superam 3 W/W.

Para lidar com a demanda crescente, há que se priorizar o aumento da eficiência energética dos aparelhos de ar condicionado. O arcabouço legal já existe e está inscrito na Lei 10.295 de 2001, conhecida como Lei da Eficiência Energética. Em 2007, foi aprovada uma regulamentação específica para os condicionadores, estabelecendo coeficientes mínimos de eficiência.

Pode parecer pouco, mas o rigor com o ar-condicionado é fundamental para minimizar o risco de crises futuras e garantir um futuro de expansão para a economia do país. Idealmente, esse rigor deve ser estendido a outros equipamentos. O Programa Minha Casa Melhor, por exemplo, através do qual a Caixa financia a aquisição de móveis e eletrodomésticos por beneficiários do Minha Casa Minha Vida, também poderia ter como diretriz a exigência de coeficientes mínimos de eficiência na geladeira, na televisão ou na máquina de lavar.

Cabe a cada um de nós consumir de maneira mais eficiente e incentivar que a sociedade o faça.

Fonte: o Globo

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