Os consumidores de energia já estão pagando contas substancialmente mais elevadas para ter acesso à eletricidade. Essas contas foram reajustadas em janeiro e novamente neste mês, mas nem assim as empresas do setor conseguiram chegar ao equilíbrio financeiro, tantos foram os malabarismos contábeis a que foram submetidas nos últimos meses.
Em meados da semana passada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chamou 13 bancos para uma conversa e pelo menos 4 entre eles - Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil - teriam aceitado o pedido para fazerem uma nova operação de socorro às distribuidoras de energia, de R$ 3,1 bilhões. Parece arriscado supor que será o último empréstimo para pôr fim às consequências da mudança do modelo elétrico.
Cabe lembrar que já ocorreu o desmanche desse modelo que prometia a modicidade tarifária. Em 2014, dezenas de bilhões de reais foram aportados às empresas do setor (falou-se em R$ 66 bilhões, no segundo semestre, mas a conta continuou subindo). Além de exaurir fundos públicos como os da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), outros R$ 17,8 bilhões foram tomados por empréstimo nos bancos pelas distribuidoras. Agora, além do novo empréstimo, o governo propõe a dilatação dos prazos de pagamento das dívidas antigas, que começam a vencer em novembro, estendendo de dois a cinco anos os prazos de vencimento.
O que fica claro é que os aumentos impostos aos consumidores mostram-se insuficientes. E não foram poucos: uma bandeira tarifária, hoje de R$ 5,50 por 100 kWh consumidos, é aplicada sobre as contas para pagar as térmicas que operam a todo vapor. Além da correção anual e das revisões periódicas, um reajuste médio extraordinário de 23,4% entrou em vigor neste mês. E uma triagem está sendo feita no programa Tarifa Social, para excluir milhões de famílias do benefício.
Em resumo, ainda não chegou para os consumidores a totalidade dos aumentos do preço da energia. As negociações com os bancos envolverão mais juros e estes serão incorporados às contas.
O custo da energia aumentou 3,14% e foi o que mais pressionou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro. Essa situação se repetirá neste mês, segundo especialistas.
Ainda mais grave seria um aumento da inadimplência no setor energético, se a conta não puder ser paga pelas famílias.
Fonte: O Estado de S.Paulo
Nenhum comentário
Postar um comentário